sábado, 3 de novembro de 2012

A América dos Povos Pré-Colombianos

Ao longo da Idade Média, a concepção de mundo do homem europeu o impelia ao isolamento e o reforço do pensamento religioso. Influenciados pela estabilidade dos valores cristãos e a instabilidade das invasões bárbaras da Alta Idade Média, os homens viviam reclusos no interior dos feudos. O desconhecido e o inusitado seriam palavras que causariam o mal-estar de uma realidade sustentada pela harmonia das ordens clerical, nobiliárquica e servil.

Com a ascensão da burguesia mercantil e as grandes navegações, muitos desses valores medievais foram revistos e abandonados. No entanto, muitas narrativas míticas que falavam de terras paradisíacas cercadas de um exotismo e da fartura construíram-se ao longo de muitos anos no ideário das sociedades europeias. Além disso, vários relatos míticos também faziam menção sobre as bestas selvagens habitantes dos mares e terras até então desconhecidas pelos povos europeus.

Esse misto de fascínio e terror encontrado nas narrativas e representações iconográficas fez com que o homem moderno ainda guardasse muito desses valores em seu imaginário. Com o advento da descoberta da América, os colonizadores europeus depararam-se com um mundo onde muitas daquelas situações imaginadas em nada traduziam a situação das chamadas civilizações pré-colombianas. Ao mesmo tempo, essa pré-concepção do outro acabou fazendo do nativo americano algo a ser repudiado e civilizado pelo europeu.

No entanto, toda essa condição de estranhamento, admiração e repúdio deixou para trás toda uma rica gama de valores culturais desenvolvidas pelos povos que aqui já existiam. No fim do século XV, período que marca a chegada dos espanhóis ao continente, o continente contava com três grandes civilizações: maias, astecas e incas. Muitas das cidades criadas por essas civilizações faziam frente a qualquer centro urbano europeu do século XVI. Mesmo contando com um amplo leque de características e conhecimento, o contato dos nativos com os europeus marcou um dos maiores genocídios que se tem registro.

Mesmo que diversos traços dessa cultura fossem perdidos com o processo de colonização, vemos no estudo das sociedades pré-colombianas um rico campo de reflexão sobre a questão da relatividade cultural. Conhecendo um pouco mais desses povos podemos repensar o antigo valor que nos impõe a Europa como o berço das mais complexas e avançadas civilizações da História.
Por Rainer Sousa
Graduado em História

Machu Picchu
Calendário asteca.
Antes da chegada dos europeus ao continente americano, milhões de indivíduos já habitavam a América. Para se ter uma ideia, estima-se que havia cerca de 88 milhões de ameríndios vivendo no continente. Esses povos eram organizados em tribos ou até mesmo em sociedades relativamente complexas, como no caso dos astecas, incas e maias, os quais possuíam significativa organização social, política e econômica.

Astecas

Os astecas habitaram a região da atual Cidade do México entre os séculos XIV e XVI. Organizados a partir de uma teocracia, isto é, a crença de que o imperador era uma espécie de deus, esses povos tinham uma divisão social altamente hierarquizada. As camadas mais baixas, formadas por camponeses, principalmente, além de pagarem altos impostos ao imperador, eram obrigadas a lhe prestar serviço em grandes obras de interesse público.

Astecas
Moctezuma II (1466-1520), governante (tlatoani) asteca.
A economia dos astecas era baseada na agricultura, principalmente na plantação de milho, pimenta, tomate e cacau. Politeístas, eram fortemente influenciados pela região. Um exemplo disso é a realização de sacrifícios humanos com o fim de agradar aos deuses.

Incas

O império inca se localizava na região atual do Peru, Bolívia, Chile e Equador. Esses povos tinham uma economia baseada na agricultura e eram detentores de um razoável sistema de estradas. Sua sociedade era hierarquizada e bastante rígida, além disso, não havia propriedade privada; tudo pertencia ao Estado, na figura divina do imperador.
Os incas tinham significativo conhecimento da arquitetura. Um exemplo disso é a cidade de Machu Picchu, a qual revelou muito bem toda a eficiente infraestrutura desta sociedade. Esses povos acreditavam no deus Sol (Inti), contudo também consideravam alguns animais como sagrados.

Maias

Os maias habitaram uma região formada pelos atuais territórios da Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (sul do México). Em razão da utilização de uma escrita hieroglífica, a civilização maia é aquela que proporciona as maiores dificuldades de estudo para os historiadores.
Tais povos tinham uma sociedade rígida e hierarquizada, onde as camadas mais baixas eram obrigadas a pagar altos impostos para o imperador, considerado um ser divino. Sua economia era baseada na agricultura, principalmente no cultivo do milho, alimento que era visto com algo sagrado.

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