domingo, 11 de novembro de 2012

Dom Pedro I e as regências


Dom Pedro obteve apoio político para capitanear o processo de independência do Brasil.
Entre os anos de 1821 e 1822, Dom Pedro I ocupou o cargo de príncipe regente do Brasil. Mesmo durando um breve período de tempo, o governo provisório de Dom Pedro foi marcado por um conjunto de transformações bastante intensas. Na época, seu pai, Dom João VI havia deixado o governo em suas mãos para participar do processo de reforma política que tomava conta de Portugal, desde 1820. Aqui no Brasil, essa mesma notícia teve importantes conseqüências históricas.

A chegada de Dom João VI ao Brasil, em 1808, mais do que marcar a transferência de uma Corte Real, transformou radicalmente a condição da economia brasileira. Desobrigada de manter negócios somente com Portugal, os grandes produtores agrícolas brasileiros atingiram marcas de lucro mais significativas com a inserção de seus produtos no livre-mercado. Além disso, a chegada dos produtos ingleses ao Brasil estabelecia um novo padrão de vida e consumo no país.

Durante a formação das Cortes em Portugal, os revolucionários do Porto pretendiam reestruturar a economia portuguesa. Para isso, acreditavam que a manutenção dos laços coloniais era de suma importância para o fortalecimento da economia de Portugal. Isso significava a interrupção de todas as benesses materiais oferecidas pela liberdade econômica trazida com o governo de Dom João. Dessa forma, os aristocratas brasileiros formaram o Partido Brasileiro com o intuito de mobilizar forças que preservassem seus interesses de ordem econômica.

Uma das primeiras medidas desse novo partido foi agrupar um conjunto de assinaturas que exigiam a permanência de Dom Pedro no Brasil. Essa manifestação exigindo apoio de Dom Pedro, era uma resposta ao pedido formal das cortes portuguesas que reivindicavam o retorno do príncipe regente para Portugal. Vislumbrando o controle político sobre o território brasileiro, Dom Pedro I, em 9 de janeiro de 1822, declarou sua fidelidade aos brasileiros no pronunciamento que ficou conhecido como Dia do Fico.

Logo em seguida, Dom Pedro demitiu todos os portugueses que fazia parte de seu conselho de ministros e formou um novo conselho formado somente por brasileiros. Em maio de 1822, os ministros brasileiros instituíram o chamado “Cumpra-se”. De acordo com tal medida, qualquer ordem vinda de Portugal só poderia ser cumprida com a aprovação prévia do príncipe regente. Reforçando o apoio a Dom Pedro I, os ministros declararam Dom Pedro como “defensor perpétuo do Brasil”.

Em junho de 1822, Dom Pedro resolveu compor uma Assembléia Constituinte que deveria formar um conjunto de leis básicas a serem aplicadas em todo território nacional. Tal medida colocava em evidência a diferença de interesses entre Brasil e Portugal. Em agosto, o governo português enviou um novo decreto anulando as decisões tomadas pelo príncipe regente e exigindo seu imediato retorno.

Aconselhado por José Bonifácio e sua esposa, Dona Leopoldina, Dom Pedro não via alternativa a não ser a declaração de independência. Naquela mesma tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, Dom Pedro I proclamou o Brasil um país independente de Portugal.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola


fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/a-regencia-dom-pedro-i.htm

sábado, 10 de novembro de 2012

A corte Portuguesa no Brasil

A Corte Portuguesa no Brasil

1808 = A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro








Autor: Aníbal de Almeida Fernandes, Novembro, 2009.







1) Situação em Portugal: A Europa está devastada pelo furacão Napoleão que mexeu em todos os tronos europeus e, no fim de 1807, está chegando em Portugal. É a madrugada de 27/11/1807 e a corte, desesperada, se atropela com pressa e desordem no cais de Belém para embarcar, filhas sem pais, mulheres sem marido, pessoas da mais alta nobreza que esperam subir a bordo com a roupa do corpo e com pouco ou nenhum dinheiro. Mais de 700 carruagens trazem a família real e seus pertences, D. João chegou acompanhado de D. Pedro Carlos, infante de Espanha, primo de Carlota Joaquina, e tomam a nau capitânia Príncipe Real com 67 m. de comprimento que recebe mais de 1.000 passageiros e é a sala do trono flutuante da monarquia portuguesa, logo depois chegam Dona Carlota, D. Pedro, as infantas e o infante D. Miguel, e se dividem em 4 navios, por questão de segurança dinástica, D. Pedro e D. Miguel embarcam com o pai; dona Carlota e 4 filhas embarcam na fragata Alfonso de Albuquerque; espera-se a rainha, Dona Maria 1a, a Louca, com 73 anos que, aos urros entremeados de lamúrias e exclamações de Ai Jesus!, Ai Jesus!, recusa-se a embarcar, pois quer ficar com o povo e resistir e, finalmente, é carregada nos braços pelo comandante da frota real e embarca no Príncipe Real. As 2 princesas do meio embarcam na Rainha de Portugal enquanto a tia e a cunhada de D. João embarcam no Príncipe do Brasil. Trazem consigo, metade do tesouro português, algo em torno de 80 milhões de cruzados, a outra metade já fora quase toda gasta para comprar a neutralidade com a França de Napoleão, sequiosa dos tronos europeus, e o que resta em Lisboa, cerca de 10 milhões de cruzados, não dava para mover o reino e pagar as dívidas, o que fará o general francês Junot derreter toda a prataria das igrejas e palácios para pagar a manutenção das tropas de ocupação em Portugal, na guerra que se seguirá e que matará 250.000 portugueses, ou seja, 1/12 da população portuguesa.







A transferência para o Brasil já fora sugerida, no séc. XVII, pelo famoso padre Antonio Vieira, conselheiro de D. João 4o (1641-1656). Depois, com a crescente penúria de Portugal e a enorme riqueza que vinha do Brasil, Luis da Cunha, diplomata de D. João 5o (1706-1750), reexamina a mudança proposta por Vieira, pois acha muito mais racional administrar o Brasil in situ. Com o furacão napoleônico, a loucura de D. Maria 1a e a crescente insegurança de Portugal, a transferência voltou a ser cogitada por Rodrigo de Sousa Coutinho, (que é filho de um governador de Angola, no tempo do Marquês de Pombal, de quem é afilhado), e foi pelo Marquês educado para representar a nobreza instruída, ativa e preparada, futuro Conde de Linhares, que declara à Corte em 1798: que os domínios na Europa já não constituíam a capital e o centro do império Português.







A situação européia está muito complicada por conta da exigência de Napoleão do Bloqueio Comercial contra a Inglaterra. Em 1806, o espanhol Manoel de Godoy 1o Ministro de Carlos 4o, e amante da rainha Maria Luisa, procura efetivar junto a Paris a partilha de Portugal em 3 partes: ao Norte a Etrúria, com o Minho e o Douro tendo o Porto por capital que seria entregue ao genro de Carlos 4o, Luis de Parma, como Rei de Etrúria, o Sul com o Alentejo e o Algarves fica para Godoy que terá o titulo de príncipe dos Algarves, o Centro com a Beira, Trás os Montes e Estremadura fica para os Bragança tendo Carlota Joaquina como regente. Em julho de 1807 o embaixador português em Paris recebe um ultimato para que Portugal rompa as relações com a Inglaterra. A 3/11/1807 Portugal concorda e manda pelo Marquês de Marialva diamantes brasileiros para acalmar Napoleão e solicita a Lord Strangford, o embaixador inglês de 27 anos tradutor de Camões, que se retire do país; a 18/11 Strangford pede o passaporte, fecha a embaixada e se abriga na esquadra inglesa ao largo de Lisboa, comandada por sir Sidney Smith, sendo que, os navios HMS Marborough, Bedford, London e Monarch sob o comando de Graham Moore escoltariam a frota portuguesa até o Brasil.







Esta proteção inglesa seria duramente cobrada pela Inglaterra através de um tratado feito por Lord Strangford em 1810, com total apoio de Rodrigo de Sousa Coutinho que por tal auxílio recebe, como cortesia, um retrato de Jorge 3o da Inglaterra com enfeites de diamantes e uma caixa de diamantes. Este malfadado tratado, pessimamente recebido pela Corte, atinge diretamente a soberania do reino com as seguintes particularidades: os ingleses estariam sujeitos somente à sua própria justiça, seus navios de guerra teriam acesso ilimitado às águas brasileiras e, quando em missão de proteção, eles seriam abastecidos pela Corte, a madeira brasileira poderia ser usada para a construção naval britânica, os ingleses poderiam negociar, e possuir propriedades, sem nenhuma restrição, não estariam sujeitos à Inquisição e teriam liberdade de culto, e o pior de tudo, a mais escandalosa sujeição, para os ingleses as taxas seriam apenas de 15% enquanto que para os brasileiros e portugueses a taxa era de 16%!!! Alem disso, o altíssimo custo de instalação da Corte, que estava falida, no Rio obrigou D. João a obter um empréstimo de 600.000 libras da Inglaterra para manter funcionando a gigantesca burocracia da Corte dando como garantias de pagamento as receitas do arquipélago da Madeira e o monopólio da Coroa sobre o pau-brasil, receitas que eram vitais para o reino. Portugal já vinha, desde a época pós-descobrimentos, perdendo sua importância e força econômica e política no contexto mundial, que fora imensa com mais de 50 fortes ao longo das ricas costas asiáticas que dominavam as rotas e transações comerciais que davam lucros extraordinários para Portugal, pois, infelizmente, a tenacidade, competência técnica, empresarial e logística que demonstrara e o fizera dono do comércio global acabara. Dois fatos causam um enorme prejuízo às finanças do reino: a Restauração dos Bragança, após o domínio espanhol de 1580 a 1640 custou muito caro, pois o auxilio inglês significou o casamento da filha de D. João 4o com o rei Carlos 2o da Inglaterra em 1661 e, para isso, houve o dote de 2 milhões de cruzados e a entrega da região de Tanger e Bombaim. A alegada expulsãodos holandeses de Pernambuco, em 1654, que fora o local mais rico do mundo colonial português com sua exportação de açúcar atingindo 700 mil arrobas/ano, fez com que, entre 1661 (Tratado de paz de Haia) e 1730, Portugal tivesse que pagar à Holanda, 4 milhões de cruzados de indenização, além de entregar o Ceilão e as ilhas Molucas para a Holanda.







Por conta dessa desastrada política de entrega de patrimônio e perda de renda, em 1800 Portugal já está sem força, pois acabara o dinheiro que vinha do Brasil, cujo apogeu foi entre 1750 e 1760, quando se estima que veio uma fortuna de 2.500 toneladas de ouro e 1,5 milhões de quilates de diamantes (ou 1.094 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de brilhantes), que ajudou a reconstruir Lisboa destruída pelo terremoto ao tempo de D. José 1o e do Marquês de Pombal cuja energia, dinamismo e autoridade tiraram Portugal da letargia em que estava desde a época pós-descobrimento abrindo as portas da Corte para os riquíssimos comerciantes que queriam ser nobres, aliás, como já fizera D. João 5o, visando conseguir recursos para manter o fausto da Corte empobrecida. Portugal era um país em acelerado processo de decadência, como metrópole autônoma, pois começou dando ao comerciante inglês as condições de igualdade com o português, avançou a ponto de sacrificar nossa indústria em prol da britânica e acabou por concordar em eliminar a lavoura brasileira para favorecer a agricultura das colônias inglesas das Antilhas.







2) A Viagem: A esquadra era provavelmente composta de 8 naus, 3 fragatas, 2 brigues, 1 escuna de guerra, 1 charrua de mantimentos e vários navios mercantes da marinha portuguesa num total de 56 barcos conforme os registros de bordo recuperados por Kenneth Light, ou 36 velas conforme Lord Strangford, ou mais de 30 barcos, como relada Kirsten Schultz. Quanto ao número de emigrados varia enormemente, temos 15.000 (Schultz, 1998), minuciosos 13.800 (Rocha Martins IHGB, 1910), entre 8.000 e 15.000 (Manchester, Transferência da Corte para o Brasil) e, hoje em dia, fala-se no total de apenas 522 pessoas sendo 420 civis e 102 militares (Esparteiros, 1979, que aparecem no Almanaque da cidade do Rio de Janeiro de 1811, ou na Gazeta), citado por Nereu Cavalcanti, no Rio de Janeiro setecentista, porém, Kenneth Light, no livro The Migration of the Royal Family, baseado na carta que o comandante inglês, James Walker, do Bedford, enviou ao Almirantado em Londres informa que, só no Príncipe Real (com 67 m. por 16,5 m.) estavam 1.054 pessoas e, alem disso, ele avalia que de tripulantes havia entre 6.000 a 7.000. Nesta animada celeuma/controvérsia eu opino que deveria haver entre 5.000 e 10.000 fugitivos uma vez que, apenas na nau Príncipe Real viajavam 1.054 pessoas, o que demonstra que essa quantidade de barcos (56 ou 36) era excessiva para trazer apenas 502 pessoas?? Há que se considerar que, pelos usos e costumes da época, a Família Real era servida tanto por famílias nobres como por enorme criadagem. Para a grandeza desses números, temos como referencia, o palácio de Versalhes no séc. XVIII, onde havia 6.000 pessoas a serviço da família real, entre nobres da mais alta estirpe que vestiam e serviam as refeições ao Rei e a criadagem que limpava o palácio, inclusive da urina e fezes da multidão que não tinha banheiro para usar. O Príncipe de Condé, primo do rei, num jantar para apenas 8 convivas, tem 25 empregados servindo à mesa, fora a équipage de apoio interna, para surpresa do embaixador inglês.







A esquadra deixa a barra do Tejo às 7,00 h. de 29/11/1807. A frota chegou a ser avistada por Junot quando chegou a Lisboa e, daí, vem o dito ficou a ver navios. Muitos nobres do velho regime não quiseram fugir, ainda abalados com o Massacre dos Távoras, em 1759 que supliciara membros da mais alta nobreza: o Duque de Aveiro, o Marques e Marquesa de Távora e o filho Marques novo de Távora e o Conde de Atouguia, feito na época do Marquês de Pombal, o enérgico 1o Ministro de D. José. Alguns nobres aderem ao inimigo e se apressam a fazer rapapés ao General Junot e a sua mulher Laura, Duquesa de d’Abrantès, que era da alta sociedade napoleônica, convidando-os para recepções. A viagem é cheia de privações, não há água corrente nem banheiros e as necessidades fisiológicas eram feitas em plataformas suspensas sobre a amurada dos navios, alem disso, na pressa do embarque, água, víveres, roupa de cama foram deixados no cais e precisam solicitar lençóis e cobertores da marinha britânica. Não há roupa de baixo para troca e na Alfonso de Albuquerque há uma infestação de piolhos que obriga as mulheres a raspar a cabeça, começando com Carlota Joaquina e as princesas reais. Não há nenhuma privacidade e alguns nobres têm que dormir no convés ao relento, sem camas nem cobertas, sendo molhados pelo mar. A frota se divide após tempestade na ilha da Madeira, e a Príncipe Real e a Alfonso de Albuquerque à 22/1/1808, após 54 dias chegam a Salvador (46.000 habitantes) e onde a família real pisa o solo brasileiro pela 1a vez para agitação dos baianos que não os esperavam, aí ficando até 26/2/1808, seu primeiro compromisso oficial foi uma missa na catedral da Sé. Entretanto a Rainha de Portugal e a Príncipe do Brasil seguiram direto para o Rio, chegando a 17/1/1808, onde os viajantes permanecem a bordo aguardando a chegada do resto da esquadra, com a rainha Dona Maria e o regente D. João.







3) A chegada no Brasil: Finalmente a corte reunida desembarca, às 15 horas de 7/3/1808, no Rio de Janeiro cuja população total era de 60.000 almas, das quais quase metade eram escravos negros e recebe esta multidão de emigrados precariamente. A chegada à baía da Guanabara é assim descrita por um viajante da época:







Não existe viajante algum que, tendo visto o Rio, não fale com admiração do magnífico espetáculo proporcionado pela baía da cidade. Esta baía é ainda mais vasta que a baía de Constantinopla, pois tem 5 léguas de extensão por ¾ de milha de largura, é defendida por rochas graníticas de efeito grandioso e poderia acolher todas as frotas do mundo sem amontoamento.
Quando se entra na baía, após o sofrimento da longa travessia, fica-se comovido com o esplendor do panorama:







Porém que decepção se sente, oh meu Deus, quando se sai do ancoradouro?! Os perfumes que vem da baía são infectos!! A explicação é simples, a água das casas era transportada pelos escravos de várias fontes em barris semelhantes aos que, no fim da tarde, carregavam os detritos, pois as casas não têm fossa séptica já que o lençol freático, por causa do solo pantanoso, está muito próximo da superfície e todos os detritos domésticos são postos em barris que os escravos põem sobre a cabeça e vem, em procissão, para o mar onde os jogam, dá para imaginar o mau cheiro com o terrível calor do lugar, esses negros são como o símbolo da cidade. E o ponto onde jogam é próximo ao palácio e quem estiver na janela, não pode deixar de ver os horrorosos barris, que vão e vem na água da baía ao cair da tarde e cujo odor se faz sentir até o fundo dos quartos do Palácio Real e do Hotel Pharoux, que hospeda os estrangeiros e fica inabitável conforme a direção do vento. Mais tarde, uma viajante francesa diz que as margens da baía não passam de um vaso sanitário infecto e as praias que pareciam tão belas do navio, eram o receptáculo das imundícies de toda a cidade!!!!







A cidade andava extasiada com as notícias de que estava próximo o dia do rei, em pessoa, estar na exuberante, e acanhada, capital tropical e o vice-rei e capitão geral do Brasil, Dom Marcos de Noronha e Brito, apoiado pelos grandes da terra, preparava a recepção e a instalação da corte, dando exemplo ao despejar-se, a si próprio, do palacete em que vivia para cedê-lo aos ilustres migrantes sem teto. E Portugal, da Inglaterra e França, fortes comerciantes, da Itália vários artistas, da Áustria sábios naturalistas e da costa da África, pretos de várias compleições, num total de 5.000 a 10.000 pessoas. Na realidade, não resta opção para os moradores, pois uma das primeiras leis baixadas pelo regente, D. João, foi o direito de aposentadoria que consta das Ordenações do Reino, nos livros 2 e 4. Essa prerrogativa de aposentos (lugar para morar, daí aposentadoria) era oferecida às pessoas dotadas de privilégios, que detinham os diversos cargos públicos, civis, militares e eclesiásticos e as demais pessoas privilegiadas da sociedade ligada à Corte, quando se deslocavam para outro sítio longe de sua residência, a serviço do Estado, ou do rei, e cuja conseqüência prática foi pedir que os fluminenses que tivessem mais que uma propriedade, a cedessem aos migrados, ordem que era extensiva às lojas e armazéns. Esta lei esteve em vigor até 1818. Para se entender essa forte arbitrariedade há que se entender o poder do rei em uma Monarquia Absoluta onde o Estado era apenas um aspecto da glória do rei e não havia separação nítida entre as ações, desejos e vontades do rei, tanto no Estado como em sua vida particular, pois o rei é o senhor de tudo e reinava no país como dono da casa e em casa como dono do país. A corte do antigo regime estamental é entendida como uma imensa casa do rei, a Casa Real, e essa posse chega a tudo, tanto é que a separação dos fundos econômicos da Casa de Bragança e os fundos do Estado português só serão resolvidos com a criação de um Erário Público no 1o Reinado, por D. Pedro 1o Imperador do Brasil (1822-1831).







4) D. João 6o: (*13/5/1767 +10/3/1827), 27o Rei de Portugal, Duque de Bragança, Barcelos e Guimarães, Marquês de Viçosa, Conde de Arraiolos, é muito feio, baixo, gordo, bonachão, comilão chegando a devorar 3 frangos seguidos, arrematados por 4 ou 5 mangas, acompanhados por água, uma vez que raramente bebia vinho, era sossegado e sem vaidades, não gostava de roupas novas, muito carola e só foi rei porque seu irmão José morre de varíola em 1788 e a mãe é, oficialmente, declarada louca!!! em 1799, tornando-o Príncipe Regente, uma das causas desta loucura pode ter sido a tremenda culpa que Dona Maria sentiu por não ter permitido que seu filho D. José se vacinasse contra a varíola. Porém, apesar de uma aparente fraqueza ele representa a visão do futuro e da adaptabilidade à nova ordem, pós-revolução francesa na Corte portuguesa, é ele a querer vir para o novo mundo, é ele a querer ficar, e a fazer o Brasil, (Colônia e Vice Reino de 1500 a 1808), virar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1808-1822), é ele a abrir os portos brasileiros logo ao chegar em Salvador, BA, a 28/1/1808, num ato que é considerado o início da nossa emancipação econômica, é ele em Abril de 1808 a dar o Alvará de Liberdade Industrial que permite a abertura da tecelagem, da manufatura de metais e alimentos, porém a alegria dura pouco e os ingleses o forçam a taxar a mercadoria brasileira em 16%, enquanto que a inglesa tem apenas taxa de 15%, o que faz fracassar a indústria brasileira e o Brasil ser inundado com produtos ingleses sem penetração na Europa por conta do Bloqueio de Napoleão, (relatam que vieram até patins para neve) é ele que a 12/10/1808 funda o Banco do Brasil para regular a moeda, porém o desmando e a corrupção são de tal ordem e o dinheiro é emitido em tal quantidade que o lastro de ouro é superado e o dinheiro perde o valor e a respeitabilidade e, em 1821 carrega 5 mil contos de divida do público e 8 mil contos de dívida da Coroa. O Banco do Brasil fecha as portas a 23/7/1829, insolvente. É a D. João 6º que o Brasil deve o futuro de grande esplendor e poderio econômico do café no Império, pois entrega com as próprias mãos aos vassalos mais chegados à corte, as mudas de café que manda trazer da África, ele construiu o Jardim Botânico, um observatório astronômico, um teatro, uma biblioteca pública, a tipografia real, uma fábrica de pólvora, a Academia Militar, a Academia da Marinha. É ele, finalmente, a ter a perspicácia e visão política do futuro ao fazer o filho ficar, cá no Brasil, quando urge voltar a Portugal para acalmar os ânimos dos reinóis indignados com a ausência do rei, é ele, D. João 6º, injustiçado pela história oficial que não lhe dá a unanimidade ao julgar como sua, a decisão de vir para o Brasil como estrategista competente que era é ele, sem dúvida, a grande figura da Casa de Bragança desta corte no exílio e a quem o Brasil deve sua existência como Nação. Ele foi um dos poucos monarcas europeus a reinar continuamente durante a época napoleônica o único a me tapear em todos os tempos como escreveu, sobre ele, Napoleão em Santa Helena. Sua vida no Rio, na Quinta da Boa Vista, é muito simples, acorda às 6,00 h., assiste à missa, é barbeado, toma o café da manhã e discute a administração da cidade. Almoça ao meio dia numa grande mesa oval e cercado por todos os nobres e dignitários e ao fim é assistido pelos filhos, D. Pedro que segura a bacia de prata e por D. Miguel que derrama água para que ele lave as mãos após a refeição. É fato histórico, comprovado, que guardava frangos inteiros nos bolsos das casacas engorduradas e puídas, Tobias Barreto informa que: não havia registro de D. João VI ter tomado banho de corpo inteiro tanto em Lisboa como no Rio. Dorme um pouco após o almoço e depois cuida dos negócios, passeia pela cidade e visita a mãe. Dorme por volta das 23,00 h.







5) Carlota Joaquina: (*25/4/1777 +7/1/1830), é a 1a filha de Carlos 4o de Espanha e de Maria Luisa, a fogosa rainha que brigou com a Duquesa de Alba por ciúmes de Goia o grande pintor dos reis de Espanha. Carlota era bisneta de Luís XV, tetraneta de Luís XIV, ambos reis de França e profundamente orgulhosa de sua origem Bourbon, era muito feia com um rosto anguloso e quase masculino, com barba e bigode, com menos de 1,50 m e sonhava com a grandeza da Espanha, ela detestava o Brasil não vendo a hora de voltar para a Europa, não houve na corte no exílio, quem mais fez intrigas, e das mais ambiciosas, inclusive para submeter o reino português aos domínios espanhóis ou conseguir a Coroa de Espanha para si própria uma vez que seu pai Carlos 4o e seu irmão Fernando 7o estavam prisioneiros de Napoleão. Arrogante, cruel, vingativa e impetuosa tinha um gosto espalhafatoso para roupas e jóias tendo a cabeça adornada com um arranjo de jóias e plumas, foi considerada a Messalina, a Maria Antonieta, de Portugal. Tentou destronar o marido em 1805, mas foi impedida por D. João que passou a viver separado dela. Ela vive irrequieta, se deslocando do palácio Real no centro para um palacete num morro vizinho e para uma casa na praia do Botafogo, sempre cavalgando pela cidade cercada por uma guarda pessoal e exigindo que os passantes sejam quem forem, nobres ou estrangeiros, parem se ajoelhem e façam reverências em sua passagem e mandando sua guarda pessoal agredir quem não as faça, isto gera tantos incidentes diplomáticos que D. João 6o isenta os estrangeiros desta obrigação. Quando sua filha mais velha Maria Teresa se casa, em 1810, com o primo D. Pedro Carlos, Infante de Espanha, ela fica furiosa e diz que prefere a filha jogada num poço do que casada com seu primo. Ao voltar para Portugal com D. João 6o levando 4.000 cortesãos a 25/4/1821 ela disse, vou enfim encontrar uma terra habitada por homens, vivi 13 anos no escuro só vendo pretos e mulatos.







D. João e Carlota Joaquina, tiveram 9 filhos, entre eles: 1 Imperador e Rei, 1 Rei e 2 Rainhas: Maria Teresa, princesa da Beira; mulher de Pedro Carlos, Antonio, morto jovem; Maria Isabel, rainha mulher de seu tio Fernando 7o (1784-1833) rei de Espanha; Pedro, 1o Imperador do Brasile Rei Pedro 4o de Portugal; Maria Francisca, rainha mulher de Carlos 5o (1788-1855) rei de Espanha; Isabel Maria, regente de Portugal (1826-1828); Miguel, que pelo casamento com a filha de D. Pedro 1o, sua sobrinha, torna-se rei de Portugal; Maria, morta solteira e Ana Maria, duquesa de Loulé.







6) A adaptação da Corte aos trópicos: A corte endividada, e atônita, com a novidade dos trópicos encontrou na colônia um tecido social que estava assim estruturado: Já existia na colônia uma aristocracia de poder econômico e privilégio social composta de senhores de engenho, criadores de gado e fazendeiros produtores de víveres e mercadorias, os quais agrupados em clãs impenetráveis controlavam as áreas situadas em torno das principais cidades litorâneas sendo que a aristocracia nordestina era simpática a Portugal e a do sul era resistente ao poder real, (Alan Manchester).







A apologia do poder real enfatizava as propriedades inatas do soberano com seu caráter paternal para com seu povo e sua procedência divina e sua capacidade divina de conceder graças, benesses e títulos, obviamente, sempre muito bem pagos. A nobreza migrada, composta da mais alta nobreza desangue e espada, as famílias puritanas, como os Marialva (1475), Penalva (1499), Abrantes (1504), Arcos (1620), Sabugosa (1640), Angeja (1654), São Miguel 1663, Lavradio (1664), Alorna (1667), Fronteira, Castelo Novo, São Lourenço, Óbidos, Gouveia, Ribeira Grande, S. João da Pesqueira, Alvor, Sta Cruz, Vila Nova, Assumar, Alva, Miranda do Corvo, e a nobreza de toga composta pelos comerciantes de grosso trato nobilitados a partir de D. João 5o, que são mais recentes e influentes nos cargos da administração do reino, como os Anadia, Pombal, Vagos, Belmonte. No Brasil essas 2 nobrezas empenharam-se em manter sua proximidade com o Rei e alargar as distâncias que as separavam das elites da terra criando uma tensão sócio-cultural que marca a estada da corte no Brasil e foi usada por D. João 6o com maestria numa estratégia inteligentíssima para manter o controle do país e da Corte e preservar a Dinastia Bragança. Os emigrados passam suas primeiras semanas em completo estado de choque cultural e emocional horrorizados com o clima, a insalubridade da cidade e a vulgaridade dos brasileiros e apavorados com as tempestades tropicais cheias de raios e trovões. As pesadas chuvas, calor e pestilência eram insuportáveis para os exilados e o marquês de Borba escreve, desesperado, para os familiares: é um mundo novo, mas para pior!!!, eu nunca pensei terminar meus dias em terra de tanta abominação e escândalo. Marrocos, arquivista real, escreve ao pai, só na Igreja da Misericórdia se enterrarão em 1811, para cima de 300 pessoas naturaes de Lisboa. Os anos de 1817 e 1818 foram os mais faustosos da permanência da corte no Brasil. Em particular o período entre a chegada da princesa Maria Leopoldina Josefina Carolina Von Habsburgo-Österreich, (*22/1/1797 +11/12/1826), filha de Francisco 1º, Imperador da Áustria-Hungria e Maria Teresa de Bourbon-Sicílias a 5/11/1817, para o casamento com D. Pedro, Duque de Bragança e Príncipe do Brasil e o aniversário e coroação e aclamação de D. João, a 13/5/1818, como monarca de uma centenária Casa Real européia. Foram inúmeras festas feitas com doações dos grandes negociantes nativos sempre com desfiles e arcos triunfais pelas ruas da cidade que deslumbraram, pelo luxo, fausto e riqueza, a população da cidade, pois eram acontecimentos totalmente inéditos para o Novo Mundo.







7) A adaptação dos brasileiros à Corte: Os sentimentos de vassalagem dos fluminenses se exprimem pelos muitos e gordos donativos feitos para sustentar o dia a dia da corte que era de manutenção caríssima e contínua, só em aves para a alimentação gastavam-se 75 contos de réis por mês, e, praticamente o rei não tinha nenhuma outra renda além da concessão das mercês, franqueada aos vassalos, como já era praxe em Portugal desde D. João 5o, 24o rei de Portugal, (1706-1750), e que era o principal capital econômico de que dispunha a monarquia para sobreviver. Em 1800 conseguia-se em Portugal, o Foro de Fidalgo por 25.000 cruzados e o Hábito de Cristo por 5.000 cruzados. Portugal foi diferente, das demais nobrezas territoriais européias, por não basear o seu estado, e o seu poder, exclusiva ou majoritariamente, nos senhorios da terra, lá havia uma categoria de nobre genuinamente lusitano, o fidalgo mercador. A partir do Marquês de Pombal, no século XVIII, se consolida em Portugal a importância dos grandes comerciantes com ofícios e cargos civis na sociedade portuguesa que participam da máquina administrativa e lutam pelo ideal da nobilitação uma vez que estão ficando cada vez mais ricos e poderosos, enquanto que a velha nobreza decaía e se endividava cada vez mais.







8) A Quinta da Boa Vista: D. João se instala na Quinta da Boa Vista (São Cristóvão) que recebe em doação do comerciante Elias Antonio Lopes, e a quem ele confidenciou maravilhado (sic): Eis aqui huma varanda Real, Eu não tinha em Portugal cousa assim. Porém, essa casa não convence como residência real a John Luccock que a considera: acanhada e pretensiosa, mal construída e pessimamente mobiliada. Dona Maria fica no convento do Carmo. Carlota Joaquina fica na antiga sede do vice-reino no centro da cidade, que vira o Palácio Real, com 63,98 m. por 23,76 m. de área, sendo absolutamente desprezível como habitação real: um casarão sem nenhum mérito arquitetônico. Em 1817 a comitiva austríaca de dona Leopoldina se decepcionará com o palácio, que acha sujo e malcheiroso reclamando do estrume no terreno do paço e das nuvens de insetos que atraíam e comentam que: qualquer fidalgo alemão provinciano dispõe de uma residência mais bonita.







A Corte se instala no que há de melhor na cidade, que é acanhada e extremamente provinciana e deixa muito a desejar perto do que fora feito de grandioso pelo Marquês de Pombal na Lisboa pós-terremoto de 1755, com a enorme quantidade de ouro brasileiro enviada a Portugal.








A Quinta da Boa Vista avaliada em 400 cruzados rendeu a Elias a Comenda da Ordem de Cristo e o titulo de Cavaleiro da Casa Real, Elias ao morrer, em 1815, deixou uma fortuna de 235:908$701 (duzentos e trinta e cinco contos novecentos e oito mil setecentos e um réis) e, ainda mais, 110 escravos avaliados em 9 contos de réis.







9) A nobreza Brasileira com D. João VI: Manuel José da Costa Filgueiras Gayo informa no Nobiliário de Famílias de Portugal, que o foro de Cavaleiro ou Escudeiro era sinal de nobreza de sangue, principalmente, quando esse título já era usado antes da reforma de D. Sebastião em 1572 reforma esta, que simplificou, e facilitou as exigências para qualificar os novos titulares já inseridos na nova dinâmica social de grandes fortunas que começa a imperar entre a nobreza de Portugal a partir do século XVII.







Cabe aqui, uma referência histórica familiar, pois no século XV, meu 13o avô, João de Arantes, Morador da Casa Real e Senhor da Quinta de Romay, foi feito por El Rei D. João 2º (13o Rei de Portugal entre 1481-1495) de quem era companheiro de armas, Condestável dos Espingardeiros a 2/1/1488, (conforme o documento histórico que confirma esta nomeação), e ele já era qualificado como Cavaleiro Fidalgo de sangue e espada.







Foram os comerciantes de grosso trato fluminenses, (que tinham preponderância sobre os outros setores econômicos existentes na colônia, como os comerciantes reinóis e a aristocracia agrária nativa), que ajudaram a manter o passadio da corte e foram agraciados com Comendas e Títulos: Manoel Caetano Pinto cuja fortuna, em 1839, era de 280 contos de réis, José Inácio Vaz Vieira, Antonio Gomes Barroso, Antonio José Ferreira, genro de Manoel Caetano Pinto, com fortuna de 300 contos de réis, e vários outros, entre eles o mais influente, Brás Carneiro Leão (1732-1808), o maior e mais poderoso dos negociantes de grosso trato do Rio de Janeiro que, já em 1802, fora agraciado com a Ordem de Cristo e era Cavaleiro da Casa Real e tinha carta de brasão para si e seus 6 filhos. Louis de Freycinet, comentando a vida social do Rio informa que ficou atônito com a opulência das mulheres da família de Carneiro Leão as quais usam jóias de tal magnificência que apenas os diamantes são avaliados em 6 milhões de francos!!







A viúva de Brás Carneiro Leão, Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, é feita por D. João 6o, Baronesa de São Salvador de Campos, a 17/12/1812,  que é o 1º brasileiro nato a receber mercê de título nobiliárquico no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ela inicia uma exuberante quantidade de nobres brasileiros que será agraciada no Império com importantes títulos e postos. De Brás Carneiro Leão e Ana Francisca descendem os 11 titulares abaixo:







Uma filha, Luisa Rosa Carneiro da Costa (1786-1843), casou-se com Paulo Fernandes Viana, Chefe de Polícia, que era íntimo de D. João 6o e administrava a cidade do Rio, e deste casal descendem: Paulo, Conde de São Simão; Maria, Marquesa de Cunha e Ana Luiza, Duquesa de Caxias.







Um filho, José Fernando Carneiro Leão, que tinha o hábito da Ordem de Cristo desde 1810, será Conde de Vila Nova de São José e diretor do Banco do Brasil, (sua mulher foi assassinada em Outubro de 1820 e a suspeita cairá sobre Carlota Joaquina que estaria interessada em seus favores amorosos).







Outra filha casa-se com o filho de Rodrigo de Souza Coutinho, 1o Conde de Linhares em 1808, Ministro de D. João 6º, que é o exemplo típico da nova nobreza portuguesa iniciada por D. João V, pois representa a nobilitação de mercadores de grosso trato sem nenhuma ascendência de linhagem nobre de sangue, ele era atarracado com cabelos encaracolados e de cor tão morena que os seus desafetos na Corte suspeitavam que ele tinha sangue africano. É filho de um governador de Angola no tempo do Marquês de Pombal que é seu padrinho e quis que o afilhado representasse uma nova nobreza ativa, educada e preparada.







Outra filha, Ana Carneiro da Costa, será a 1a Viscondessa de Cachoeira.







Outro filho, José Alexandre Carneiro Leão, será Visconde de São Salvador de Campos.







Outra filha, Francisca Mônica Carneiro da Costa, será Marquesa de Baependi, e mãe do Conde de Baependi e do Barão de Juparanã.







Sua neta Mariana será Marquesa de Jacarepaguá.







Sua bisneta Francisca será Viscondessa de Carapebús.







10) Estilo de vida e hábitos dos brasileiros do Rio: Era essa a rotina de vida dos ricos fluminenses: levantavam às 9h., desjejum às 10h., trabalhavam até às 15h., fazem em seguida uma longa sesta e, às 20h., tomavam um chá com a família. Quando eram convidados para a casa de amigos iam às 19h. e voltavam às 23h. Quando tinha baile voltavam às 2 ou 3 horas da madrugada. O almoço/jantar começava com uma sopa de carne com legumes, seguida de frango com arroz e molho picante, entre cada prato uma colherada de farinha de mandioca como se fosse o pão e, para refrescar o paladar, comiam laranjas e saladas. Como sobremesa tinham o arroz doce, queijo de minas, holandês ou inglês, frutas variadas e, para beber, porto ou madeira e o café. Somente os homens usam a faca, mulheres e crianças se servem com os dedos e as escravas comiam ao mesmo tempo, em pontos diversos da sala sendo que, por vezes, suas senhoras lhes dão um bocado com as próprias mãos. Os estrangeiros sentiam repugnância pelo prato de carne seca de Minas com feijão preto e farinha de mandioca, tudo isso cozido e amassado com os dedos que são lambidos no final. Quanto à higiene pessoal, o inglês Henry Koster reparou na cuidadosa limpeza com o próprio corpo que os brasileiros de toda classe tem.







A mulher: vivia confinada, privada de liberdade, num contínuo isolamento, sempre fechada em casa e mesmo entre a nobreza vigorava a norma da província, de que a mulher só três vezes saía de casa, para ser batizada, para se casar, para ser enterrada. As mulheres costumavam sentar-se em esteiras, de pernas cruzadas à maneira oriental, junto às janelas rodeadas de escravas para servi-las. O ócio e a falta de exercícios rapidamente deformavam o corpo das adolescentes que, aos 13 anos assumiam o papel de matronas e, aos 18, já atingiam a plena maturidade física. A beleza feminina da época ia da moça do tipo quebradiço, quase doentio, à mulher gorda, mole, caseira, maternal, de coxas e nádegas largas, com pezinhos deformados por sapatos apertados demais, feitos de seda nas cores branca, azul, celeste, rosa, que duram 2 dias, pois as calçadas são péssimas, só em 1818 chega a moda dos sapatos envernizados de couro que são caríssimos. A cintura de vespa era apertada pelo espartilho. Os cabelos eram longos e com todos os formatos arquitetônicos possíveis e com nomes pitorescos: tapa missa e trepa moleque. Usavam xales de seda, lã, pelo de camelo, renda, tricô, musselina bordada de ouro ou prata.







O homem: sempre de barba e/ou bigode, se vestiam como ingleses e tinham como característica o fardamento das diversas ordens, com guarda roupa composto de calças, calções, camisas, casacos, sobrecasacas, chambre de seda, lenços e gravatas, meias de seda, chapéus, jaquetas e xales de lã, tudo sempre muito colorido.







A vida social: é muito chata e as distrações pouco freqüentes, pois quase não há reuniões sociais. Os jantares, bailes ou reuniões em casa particular, são coisas quase inexistentes. O 1º teatro foi construído por D. João e inaugurado a 12/10/1813, com o nome de Teatro São João, continha 1.020 poltronas e 112 camarotes. Carlota Joaquina, sempre descontente e odiando o Brasil, achava o Rio sem nenhuma sofisticação e julgava a cidade repugnante, terra de macacos e negros.







11) Como os Bragança criam uma dinâmica social brasileira: Graças a Napoleão, que provoca a mudança da Corte, tivemos a inserção política do Brasil no Reino de Portugal e a chance de crescer como nação no novo mundo que emerge do turbilhão social que varre a Europa e começa a reestruturar a sociedade européia, pós-revolução francesa, abrindo vários caminhos para o desenvolvimento, pois um rei Português, forte, independente e bem instalado, na distante Lisboa, jamais teria dado liberdade para que uma classe dirigente do Brasil Colônia ficasse rica e poderosa o suficiente para pleitear sua inserção no teatro social centenário da Corte recebendo dignidades e títulos nobiliárquicos. Entretanto o início econômico do Brasil, como nação, foi engolfado pela Inglaterra que se aproveita da debilidade da Corte no exílio e abusa de sua força estrangulando o incipiente desenvolvimento comercial brasileiro. A configuração social da corte de D. João 6º no Brasil é composta de uma mistura da nobreza européia centenária, quase falida, e de nobres de toga bem mais recentes que eram os ricos vindos da classe comercial, graças à política de enobrecimento do Marquês de Pombal e, tambem, da elite da terra brasileira que tinha enorme riqueza e se liga à Corte honrados/cooptados com as Insígnias das Ordens centenárias e com Brasões de Armas, dados como prêmio de relevantes serviços prestados ao rei e, principalmente, às grandes doações que permitiram a manutenção do fausto da Corte falida, tudo isso reproduz a mesma dinâmica social estabelecida em Portugal desde D. João 5o (1706-1750). Para conseguir renda e manter a Corte, durante o período que passou no Rio, D. João 6º concedeu títulos a 28 marqueses, 8 condes, 16 viscondes e 21 barões, além de fazer 4.000 cavaleiros. Tal quantidade foi criticada por Pedro Calmon que satiriza esta prodigalidade: tornar-se conde em Portugal exigia 500 anos, no Brasil apenas 500 contos.







Esta prodigalidade do Rei D. João 6º consegue, graças a essa inteligentíssima estratégia, exterminar as possíveis ilusões democráticas pós-revolução francesa e lhe permite administrar e controlar, todas as classes sociais na dourada cadeia da subordinação ao Rei, sempre tendo em vista a preservação da pirâmide monárquica na qual esses ricos nativos brasileiros querem se inserir e mantém sob rígido controle tais indivíduos em seus ofícios e no devido respeito à sua autoridade Real, garantindo a sobrevivência da Dinastia, pois o Rei nesta sociedade estamental de uma monarquia absoluta, é o único dono de tudo e de todos no Reino que é a sua Casa, onde ele faz o que quer, quando quer. Esta semente de estrutura social, lastreada na ambição de ascensão social da elite brasileira, irá frutificar com tremenda intensidade no Império que se instala após a volta de D. João 6º a Portugal em 1821, quando os 2 Imperadores se valem desta forte ambição de ser nobre que tem a elite brasileira, para sustentar o Império e lançar as bases da permanência de sua dinastia no Novo Mundo cercando-se, em apenas 67 anos, de barões, viscondes, condes e marqueses num total de 986 titulares que recebem 1.211 títulos (assim divididos: 3 Duques, 47 Marqueses, 51 Condes, 235 Viscondes e 875 Barões) que tudo devem ao Imperador que lhes concede esta benesse apenas ad personam (= de caráter pessoal isto é, vale apenas para o agraciado durante a vida, não sendo a nobreza brasileira hereditária, detendo o Imperador o poder total de administrar com mão de ferro a sucessão do título e manter as famílias sob sua completa dependência, num aprimoramento muito esperto/ardiloso do que fazia D. João 6º). Essa multidão de nobres sustenta e protege o Império dos perigosos ventos democráticos que assolavam a Europa pós-napoleônica com toda a lealdade, fidelidade e interesse em perpetuar esta Dinastia que os dignifica como nobres e que, provavelmente, teria se mantido se houvesse um herdeiro masculino para ser Pedro III.







Bibliografia consultada para estruturar este trabalho:







O Brasil no Tempo de D. Pedro II, Fréderic Mauro, Cia. das Letras, 1991.







A Cidade e o Planalto, Gilberto Leite de Barros, Martins, 1967, I Tomo, em especial as pgs: 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,17, 19, 21, 22, 23, 27, 28, 29, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 44, 45, 49, 53, 54, 57, 60, 82, 83, 85, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 123, 124, 164, 168, 169, 173, 174, 180, 186, 188, 191, 193, 196.







A Corte no Exílio, Jurandir Malerba, São Paulo, 2000, com vários trechos citados, em especial as pgs: 307, 219, 328, 220, 221, 222, 216, 329, 363, 297, 323, 202, 213, 212, 257, 330, 331, 335, 324, 325, 326, 234, 279, 280, 281, 298, 299, 258, 262, 16, 17, 173, 24, 311, 308, 255, 256, 259, 260, 261, 262, 263.







As Barbas do Imperador, Lillian Schwarcz, São Paulo, 1996.







Titulares do Império, Carlos Rheingantz, Rio de Janeiro, 1960.







Ensaio Geral, 500 Anos de Brasil, Heródoto Barbeiro, Bruna Cantele, São Paulo, 1999.







As 4 Coroas de D. Pedro I, Sérgio Correa da Costa, Paz e Terra, 1996.







Anuário Genealógico Brasileiro, 1  Anno pgs: 85, 258 a 260, 2o Anno pgs: 21 a 74 e Vol. IX (Penúltimo), São Paulo, 1947.







Carlota Joaquina na Corte do Brasil, Francisca Nogueira de Azevedo, Civilização Brasileira 2003.







Brasil Terra à Vista Eduardo Bueno, L&PM 2003.







Brasil: uma História Eduardo Bueno, Ática, 2003.







Pedro II do Brasil, Glória Kaiser, Rio de Janeiro, 2000.







Império à Deriva, Patrick Wilcken, Editora objetiva, RJ, 2004,várias páginas tem trechos citados.







História do Brazil, Rocha Pombo, Benjamin de Aguila, Edição Ilustrada.







Anuário Genealógico Brasileiro, Ano IX (Penúltimo).







Brasil: uma História, Eduardo Bueno, Atica, 2003.

 A reordenação urbanística da nova sede da Corte, Nireu Oliveira Cavalcanti.
1808, Laurentino Gomes, Planeta, 2007.
Versalhes Tropical, Kirsten Schultz, Civilização Brasileira, 2008.
Diários de um Rei Exilado, Alejandro Maciel, Landmark, 2005.
Dona Leonor de Távora, Luiz de Lancastre e Távora, Quetzal, Lisboa, 2003
História de Portugal, 4º Volume, José Mattoso, Estampa, 1998. Coletânea de textos.
Um espelho distante, Bárbara Tuchman, Jose Olympio, 1999.
A história da fundação do Banco do Brasil Edição Kok&Martins, 2007
Gold: true cost of a global obsession, National Geographic, January/09: a quantidade de ouro enviada do Brasil é controversa, neste artigo é informado que ao longo de TODA a história humana a mineração só foi de 161.000 toneladas de ouro das quais 50% nos últimos 50 anos, pág. 43 e a produção em 2007 chegou a 3.800 toneladas, pg. 53.

fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=444

A independência da América espanhola e do Haiti

A independência da América espanhola
No decorrer do século XVIII, o sistema colonial implementado pelos espanhóis na América passou a sofrer importantes transformações, fruto do envolvimento metropolitano nas guerras européias e da crise da mineração.
(...)

O MOVIMENTO DE INDEPENDÊNCIA
O elemento que destravou o processo de ruptura colonial foi a invasão das tropas de Napoleão Bonaparte sobre a Espanha; no entanto é importante considerar o conjunto de alterações ocorridas tanto nas colônias como na metrópole, percebendo a crise do Antigo regime e do próprio sistema colonial, como a Revolução Industrial e a revolução Francesa.

A resistência à ocupação francesa iniciou-se tanto na Espanha como nas colônias; netas a elite criolla iniciaram a formação de Juntas Governativas, que em várias cidades passaram a defender a idéia de ruptura definitiva com a metrópole, como vimos, para essa elite a liberdade representava a independência e foi essa visão liberal iluminista que predominou.

Assim como o movimento de independência das colônias espanholas é tradicionalmente visto a partir dos interesses da elite, costuma-se compara-lo com o movimento que ocorreu no Brasil, destacando-se:

-a grande participação popular, porém sob liderança dos criollos;
-o caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha;
-a fragmentação territorial, processo caracterizado pela transformação de 1 colônia em vários países livres;
-adoção do regime republicano - exceção feita ao México.


A INDEPENDÊNCIA DO HAITI
Em meio às conturbações que movimentavam a Revolução Francesa na Europa, uma pequena ilha-centro americana era responsável por um dos mais singulares processos de independência daquele continente. Sendo uma das mais ricas colônias da França na região, o Haiti era um grande exportador de açúcar, controlado por uma pequena elite de brancos proprietários de terra, responsáveis pela exploração da predominante mão-de-obra escrava do local.
(...)
Em 1791, uma mobilização composta por escravos, mulatos e ex-escravos se uniu com o objetivo de dar fim ao domínio exercido pela ínfima elite branca que controlava os poderes e instituições políticas do local. Sob a atuação do líder negro Toussaint Louverture, os escravos conseguiram tomar a colônia e extinguir a ordem vigente. Três anos mais tarde, quando a França esteve dominada pelas classes populares, o governo metropolitano decidiu acabar com a escravidão em todas as suas colônias.
A essa altura, a população de escravos haitiana já havia lavrado a sua liberdade. Contudo, as lutas responsáveis pela consolidação dessa nova realidade estariam longe de chegar ao seu fim. No ano de 1801, Louverture empreendeu uma nova mobilização que estendeu a liberdade para os escravos da região da ilha colonizada pelos espanhóis, que hoje corresponde à República Dominicana. Nesse período, Napoleão Bonaparte assumia a França e se mostrou contrário a perda desse importante domínio colonial.
(...)
Somente no ano de 1806, quando Dessalines foi traído e assassinado por Alexandre Pétion e Henri Christophe, o Haiti passou a adotar o regime republicano. O reconhecimento da independência daquele país só aconteceria no ano de 1825, quando o governo francês recebeu uma indenização de 150 milhões de francos. Depois disso, mesmo vivenciando diversos problemas, a notícia da independência no Haiti inspirou a revolta de escravos em diferentes regiões do continente americano.

Fonte: http://www.brasilescola.com/historia-da-america/independencia-haiti.htm
Por Rainer Sousa - Graduado em História - Equipe Brasil Escola


fonte: http://anamariahistory.blogspot.com.br/2010/08/independencia-da-america-espanhola-e-do.html

O Imperialismo África e asia

No século XIX países europeus partilharam o continente africano entre si e disputaram as colônias com o interesse:

- nas riquezas naturais: ouro, cobre e diamantes.

- nas regiões localizadas próximas ao Mar Mediterrâneo (ex:Egito) para garantir o acesso a navegação e ao comércio marítimo.

A corrida imperialista tem início com a ocupação da Argélia, Tunísia e Marrocos pela França. A Inglaterra imediatamente iniciou também seu avanço. Com a unificação da Itália e Alemanha também entraram na corrida imperialista.

Com o propósito de oficializar a partilha das colônias africanas entre os países colonizadores foi realizada a Conferência de Berlim. O primeiro-ministro alemão Bismarck reuniu em Berlin representantes das principais nações européias para discutir a ocupação do território africano.

Ficou estabelecido que o território pretendido deveria ser ocupado pelo colonizador e as demais nações deveriam ser notificadas para se evitar conflitos. O resultado da colonização para os africanos foi que os países europeus praticamente arruinaram com as estruturas que existiam na África antes da colonização, como:

- A economia agrícola que era auto-suficiente, voltada ao consumo da população, passou a servir aos interesses dos colonizadores;

- Terras cultiváveis foram apropriadas pelos investidores europeus, os latifúndios (grandes propriedades) passaram a produzir um único produto (monocultura) que interessava ao mercado externo;

- Produtos de consumo da população local foram substituídos por aqueles que davam lucro ao mercado internacional;

- Exploração dos produtos tropicais era realizada com finalidade de obter lucro;

- Mão-de-obra era abundante e barata para os colonizadores;

- Potências européias encontraram no Continente africano uma enorme fonte de riquezas.


Através dessa comparação podemos perceber que esses países exploraram territórios muito maiores que seus próprios países. O Sudão, foi explorado durante todo século XIX, somente em 1956 ele consegue sua independência do domínio inglês.

Conseqüências do domínio inglês no Sudão:
- Desigualdades sociais;
- Pobreza;
- Dificuldades de desenvolvimento econômico e social, etc.

Imperialismo na Ásia

Destaque: dominação inglesa na Índia através da Companhia das Índias Orientais, uma empresa inglesa que controlava o comércio de produtos indianos como algodão, chá e ópio (substância entorpecente, extraído de resina da papoula).

Revoltas para conter o imperialismo inglês na Índia

Guerra dos Cipaios: Cipaios era o nome dado aos soldados indianos que serviam aos ingleses militarmente. Os soldados protestavam contra o imperialismo inglês e questionavam os maus tratos que recebiam dos oficiais ingleses.

Causa imediata da rebelião: desconfiança dos soldados de que os cartuchos que eles utilizavam eram engordurados com sebo de vaca ou porco. Para esses soldados feria a crença religiosa (hindu-hinduistas e islâmicos), para os islâmicos o porco era considerado um animal impuro e para os hinduístas a vaca era um animal sagrado.

Resultado das rebeliões: ingleses se aproximaram da elite indiana, oferecendo cargos na administração da Colônia, com isso evitaram focos de rebelião e fundamentaram sua exploração sobre a Índia, que se tornou a principal colônia inglesa.

Reação antiimperialista na China: Enquanto a Índia foi explorada quase que exclusivamente pela Inglaterra, a China sofreu uma invasão estrangeira: EUA, Japão, Rússia, Alemanha, França e Inglaterra.

Rebeliões contra o Imperialismo
1. Guerra dos Boxers - Principal característica: o nacionalismo “destruir os estrangeiros”, para enfrentar o domínio estrangeiro se dedicavam ao treinamento de lutas marciais.Seus movimentos eram semelhantes a uma luta de boxe, daí o nome guerra dos Boxers.

Resultado: Os colonizadores venceram, colocando fim em mais uma tentativa de pôr fim ao imperialismo ocidental na Ásia.

2. Guerra do Ópio: Uma droga produzida pelos ingleses na Índia e comercializada na China. Por ser uma droga que causa a dependência química e ameaçava a economia do país, seu comércio passou a ser combatido pelo governo chinês. Os chineses proibiram a entrada do ópio na China e queimaram 20 mil caixas da droga, desencadeando a Guerra do Ópio.

Resultado: A China foi vencida pelos ingleses, o que garantiu o comércio do ópio na China e o controle inglês sobre a cidade de Hong Kong.

O imperialismo não foi apenas uma dominação política e econômica de uma nação mais rica sobre uma região ou nação mais pobre.

O imperialismo cultural é a imposição de valores, hábitos de consumo e influências culturais que são impostas pela nação dominante à nação dominada. Dessa forma ocorrem mudanças na maneira de se comportar, de vestir, costumes, etc.

fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20110329180856AATZCKE

O Movimento Operário e os Socialismos


Introdução
  • Atualmente, na maioria dos países, os trabalhadores possuem direitos básicos: limitação da jornada de trabalho, descanso semanal remunerado, férias anuais, assistência medica, aposentadoria, etc.
>> Brasil - Greve Geral de 1917
 
  • Séc. XIX – isso não existia; os direitos trabalhistas foram conquistados ao longo das décadas através de greves, manifestações e confrontos com a policia.
  • Movimento operário – surgiu na Europa no séc. XIX – reivindicações de melhores salários e melhores condições de trabalho;
  • Mas, somente isso não bastava, era necessária a criação de um mundo socialista sem a exploração dos trabalhadores pelos patrões.
Origem do movimento operário
  • Inicio do séc. XIX – operários trabalhavam até 20hs diárias, s/ descanso semanal (às vezes até nos domingos), não tinham férias nem seguro em caso de acidentes ou doenças de trabalho.
  • Terríveis condições de trabalho – a > parte trabalha em fábricas de tecidos (Inglaterra) sob temperaturas de até 50ºC;
  • Chuveiros de água fria eram instalados para que os fios não ressecassem – os operários trabalhavam molhados e ficavam doentes;
  • Muitos acidentes de trabalho: braços ou pernas esmagados/decepados pelas inseguras máquinas da época.
  • Minas de carvão e ferro – situação pior – trabalhavam s/ nenhuma proteção em túneis/galerias sem ventilação; os trabalhadores empurravam carrinhos abarrotados de minérios.
  • Poucas horas em casa – apenas um cômodo dividido em quarto e cozinha; banheiros coletivos fora das casas.
  • Vilas operárias – próximas às fábricas – a fumaça preta das chaminés impregnava paredes, roupas e pessoas.
  • Ainda hoje isso acontece (texto p.24)
O trabalho infantil
  • Séc. XIX – exploração do trabalho infantil – mais submissas que os adultos, recebiam salários bem mais baixos e podiam se movimentar por espaços estreitos (imagem p.25).
>> exploração do trabalho infantil (quanto menor a idade, menor o salário...)
 
  • As crianças ficavam cansadas e sonolentas; não acompanhavam a velocidade das máquinas; a solução era mergulhar a cabeça em água fria para manterem-se acordadas; eram punidas por atrasos ou conversas; algumas eram acorrentadas e presas (foto p.25 – Thomas Savage).
Revolta dos operários
  • Constantemente havia revoltas contra essa situação, individuais ou coletivas; entretanto, não havia outro trabalho a fazer.
  • Inglaterra séc. XV – quem não trabalhava era visto como vagabundo pelas autoridades – era açoitados e tinham a metade da orelha cortada; alguns eram condenados à morte por traição ao Estado.

Destruidores de máquinas
  • 12/4/1811 – Inglaterra, 1ª revolta coletiva – centenas de trabalhadores (homens, mulheres e crianças) destruíram teares, incendiaram instalações das fábricas e ameaçavam, por carta, os donos de fábricas (p.26 Carta do general Ludd). O mesmo aconteceu em vários outros lugares.
  • Esses destruidores de máquinas eram chamados de ludistas, em referencia a Ned Ludd ou King Ludd, seu chefe.
  • Vários deles foram enforcados na década de 1810; o movimento só acabou em 1816.
 
Cartismo
  • 1838-48 os operários ingleses tentam outra forma de reivindicação de direitos – o cartismo – mobilização baseada na Carta do Povo c/ o programa do movimento (p.27 Trecho da Carta do Povo).

  • >> charge representando levante cartista
 Anarquismo e comunismo
  • Nenhum dos movimentos anteriores resolveu o problema dos operários;
  • Surgem novas idéias – os movimentos socialistas que defendiam a melhora das condições de trabalho através da mudança da sociedade como um todo.
  • Anarquismo – acreditava que para melhorar as condições de vida do operário o Estado (governo) e toda forma de poder (autoridades, escolas, policia, etc.) deveriam desaparecer. (vide M.Bakunin p.28)
  • Comunistas – acreditavam que a exploração só teria fim com os operários no controle do Estado. (vide K. Marx; Engels p.28; Brecht p.30)
  • Anarquistas e comunistas lideraram o movimento operário ao longo do séc. XIX.

Atividades
    1. As condições de vida do operariado no séc. XIX (Origem do Mov. Operário p.24). Os operários cumpriam jornadas de até 16 h diárias de trabalho, s/ direito a férias anuais, descanso semanal ou seguro que os sustentasse em caso de doença ou acidente de trabalho. A maior parte trabalhava nas fábricas de tecidos sob temperaturas de 50ºC. Havia muitos acidentes e mortes s/ nenhuma indenização. Moravam em cômodos apertados com banheiros coletivos; fumaças impregnavam as paredes, roupas e pessoas.
    2. Pensamento de anarquistas e comunistas sobre a melhora das condições de trabalho dos operários no séc. XIX. (Anarquismo e Comunismo p.27) Segundo eles, apenas uma transformação radical da sociedade poderia melhorar as condições de trabalho e vida dos operários. Defendiam o fim da propriedade privada dos meios de produção (terras, indústrias...) e da exploração do trabalho assalariado como única forma de solucionar os problemas dos operários.
    3. Direitos dos trabalhadores hoje; por que alguns deles estão ameaçados. 13º salário; férias; licença; aposentadoria; PIS; auxilio desemprego; folga; hora extra; etc...

Liberalismo e Nacionalismo

O Congresso de Viena
Napoleão Bonaparte comandou a invasão de muitos países europeus. Ele tentou acabar com o antigo regime. Implantou leis baseadas no Código Civil. Desse modo, a Revolução Francesa espalhava seus ideais. No entanto, ele foi vencido por uma união da forças da Inglaterra e por países ainda do Antigo Regime. Os representantes desses países (‘vencedores’) se reuniram no Congresso de Viena, com o objetivo de desfazer o que Napoleão havia feito na Europa.Esses representantes queriam apagar o passado revolucionário. Seria como se o Antigo Regime nunca tivesse sido abalado e Napoleão não tivesse nem nascido. Os antigos reis absolutistas voltaram a governar e leis que favoreciam os aristocratas foram reativadas. A fim de evitar novas revoluções, os governos formaram uma união militar, chamada Santa Aliança. Toda vez que estourasse uma revolução num país da Europa, a Santa Aliança enviaria tropas para  acabar com o movimento.
Eles acreditavam que podiam manter o Antigo Regime para sempre. Mas os acontecimentos mostraram que não era possível. Quanto mais as cidades e as indústrias iam crescendo, mais fortes ficavam a burguesia, os intelectuais e os operários (forças sociais que rejeitavam o Antigo Regime).
O Liberalismo 

Os aristocratas podiam estar satisfeitos com a situação da Europa pós-Congresso de Viena, mas grande parte da população não estava. Burgueses, intelectuais, artesãos... tinham motivos de sobra para se sentirem oprimidos pelo absolutismo. As idéias políticas liberais conquistaram muitos adeptos entre esses grupos sociais. O liberalismo político tinha origem nas idéias dos iluministas. Os liberais defendiam em primeiro lugar as liberdades individuais: a liberdade de discordar do governo, de protestar, etc.
Mas nem todos os liberais eram democratas. Os liberais tradicionais queriam que o voto fosse censitário, ou seja, consideravam que só as pessoas com boa posição social deveriam ter o direito de voto. Já os liberais radicais (democratas) discordavam. Eles defendiam o sufrágio universal, ou seja, o direito de voto para todos.
O Nacionalismo 

A Itália e a Alemanha eram compostas por dezenas de pequenos Estados. O que os alemães e os italianos queriam era a união desses pequenos Estados em um só.
O Liberalismo era o movimento político em favor da liberdade dos indivíduos, e o Nacionalismo era o movimento político em favor da liberdade e da autonomia dos povos, do direito de criarem seus próprios estados.
As revoluções na França
Nos anos de 1820, 1830 e 1848, estouraram diversas rebeliões populares. Logo após o Congresso de Viena (1815), a França foi governada pelo rei Luís XVII. Ele não foi um monarca absolutista. Perseguiu os que simpatizavam com a revolução de 1789 ou com Napoleão Bonaparte.
A partir de 1824, o rei Carlos X assumiu o trono. Ele censurou a imprensa e reprimiu os opositores ao regime.Em 1830, a população se rebelou em Paris e o rei Carlos X teve de renunciar. Assumiu então um novo rei, Luís Filipe de Orléans.
O rei Luís Filipe ficou conhecido como o “rei dos banqueiros” (indica que ele favoreceu os grandes capitalistas). Durante seu reinado, a França teve um período de grandes avanços econômicos e industriais. Mas cresceu a desigualdade social. Os burgueses iam ficando milionários, enquanto os operários permaneciam na penúria. Em 1848, houve uma grande crise econômica. Os salários baixaram e o desemprego cresceu, as colheitas foram ruins e a comida escasseou. A insatisfação popular explodiu numa grande revolução. Operários e artesãos juntaram-se a estudantes e pequenos burgueses, e tomaram as ruas da capital. O rei Luís Filipe foi derrubado. A França voltava a ser uma república.
Os principais partidos políticos de oposição organizaram um governo provisório. Esses “socialistas” defendiam reformas, como o sufrágio universal e a criação de oficinas de artesanato do Estado, que dariam trabalho aos desempregados.
Diante da grave situação econômica, os operários de Paris se rebelaram. Foram duramente reprimidos pela Guarda Nacional, e as ruas da capital ficaram tomadas por cadáveres e poças de sangue. A grande burguesia saiu vencedora.
Nessa época houve eleições para um novo presidente da República. As pessoas queriam a ordem e a tranqüilidade a qualquer preço. Então, Luís Bonaparte foi eleito presidente da França. Ele era sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte, e usou o sobrenome ilustre para prometer dias fantásticos para a França. Apoiado pela burguesia e pelos militares, liderou em 1852 um golpe de Estado e tornou-se ditador.
A Primavera dos Povos
O ano de 1848 foi o mais revolucionário do século XIX, em muitas regiões. Por isso recebeu o apelido de o ano da Primavera dos Povos. Em vários outros países europeus eclodiram revoltas populares. Nas principais cidades homens e mulheres ocuparam as ruas, ergueram barricadas (usaram entulhos para bloquear as ruas) e enfrentaram as tropas dos governos autoritários.
Autoria: Daniel A. de Lima

fonte: http://www.coladaweb.com/historia/liberalismo-e-nacionalismo




LIBERALISMO VERSOS NACIONALISMO


Objetivo: esta lição mostrará como as ideologias de liberalismo e nacionalismo surgiram, onde  e como afetaram a sociedade européia. O auge delas foram na Itália e na Alemanha, nos séculos XIX e XX. Estas ideologias afetaram a maneira de pensar da população, que por sua vez afetou a maneira da classe dominante encarar o povo. Pois o povo passa a não só entender o que acontece no governo ,mas também a querer participar de maneira mais plena nestas mudanças.

Liberalismo versus nacionalismo

Após o congresso de Viena  a Santa Aliança, houve um período bem tumultuado na Europa do século XIX. Isto por causa de várias revoluções ou movimentos revolucionários que afetou em muito a sociedade da época. O motivo de tudo isso foi três linhas ideológicas que se espalharam entre as sociedades européias: o liberalismo; o nacionalismo e o socialismo.

As Ideologias

No começo do século XIX, a ação da Santa Aliança sobre os países se tornou mais forte e intensa,  muitas forças sociais de caráter oposicionista começaram a ir a luta, tudo com base nos ideais do liberalismo e do nacionalismo.

De maneira mais prática e direta o liberalismo político se estabeleceu, no final do século XVIII, principalmente na França. Suas convicções eram baseadas na necessidade de um regime constitucional que desse maior segurança a liberdade de pensamento, de imprensa e de maior participação política.

Junto com o liberalismo, espalhava-se também o ideal nacionalista, que no começo tinha uma idéia de que o Estado tinha de ser independente, ou seja, livre de qualquer domínio ou interferência estrangeira.

Com o passar do tempo e dos fatos, a população passou a valorizar e levar a sério os ideais nacionalistas. Como conseqüência este ideal passa a tomar forma de sentimento que marca profundo as populações européias.

Isto fez com que as pessoas começassem a querer lutar pela unificação de seus países, para assim vê-los transformados em nações soberanas.

Claro que nem todos se agradaram dessa nova situação. Afinal a classe dominante viu seu poder ser ameaçado, pois a população passou a acordar para a política de seu país e não sói açodar mas também querer participar. Com isso o temor real  era o risco de perder o controle político sobre aquela camada social, que por tanto tempo se manteve sujeita a elite.

Obviamente o resultado foi as revoltas internas ocorridas com grande intensidade.  Isto gerou em vários Estados como a França, Alemanha e Itália, entre outros, um período de conflitos armados.

A Alemanha

A Alemanha, em meados do século XIX, encontrava-se dividida em vários  reinos que faziam parte da chamada Confederação Germânica.

Nesta Confederação havia dois estados que estavam em permanente disputa política pela conquista da supremacia sobre todos os outros: Prússia e Áustria.

Esta  forte disputa entre estes dois reinos fez com que o processo de unificação alemã fosse praticada dentro de vários e intensos conflitos armados por todo o território da Confederação.

O reino da Prússia tinha nas mãos um grande poder econômico, que obtido através da  industrialização. Na sociedade Prussiana predominava a aristocracia, eles eram de ideais monarquistas e nacionalistas.

Sua estratégia era baseada na força armada. Seu principal representante  foi Otto Von Bismarck.  Esta  conquista pelo poder era tão importante, que Bismarck  usou um  recurso muito sutil: implantou, na Confederação, uma imagem  bem negativa da Áustria, fato este que serviu para alimentar a raiva dos ducados que pertenciam aquele país, isto serviu para iniciar a Guerra Austro  Prussiana ocorrida em 1866. Com a Derrota, a Áustria foi excluída da Confederação Germânica e perdeu seus territórios. Os estados, que haviam ficado independentes, passaram a formar uma outra  organização: a Confederação da Alemanha do Norte.

Mas nem todos os estados fizeram parte dessa Confederação. Somente com a Guerra Franco-Prussiana (França e Prússia) é que os estados restantes aderiram a confederação.

Como a França foi derrotada seus territórios passaram a pertencer a Alemanha, que era governada por Guilherme I (Imperador Germânico), este fato tornou completa a unificação alemã.

O nacionalismo na Itália

No começo do século XIX, a Itália era constituída apenas por 8 estados. Estes estavam sob o controle direto ou indiretamente da Áustria. Em meados do século XX, a mentalidade da população Italiana passa por uma série de mudanças, isto devido as constantes lutas pela emancipação dos Estados.

Economicamente, a Itália do século XIX  tinha sua base  na agricultura e em pequenas manufaturas, o que tornava difícil o investimento de capital nas pequenas industrias. O mercado externo era de dificil acesso, por causa das elevadas taxas alfandegárias, impostas pelos países europeus dominantes. Para este mercado só foi possível o acesso  após a penetração dos Lombardo que entraram com o comércio da seda indiana, japonesa e chinesa.

Aos poucos, os Lombardo passaram a ter dificuldades devido as barreiras impostas pelos austríacos em suas transações comerciais. Isto serviu de base para que houvesse maior  interesse pela unificação, pois com ela certamente viria o progresso técnico, o desenvolvimento e a liberdade econômica. esta situação favorecia os grandes comerciantes, porque isto aumentariam seus lucros com o comercio de exportação.

Algo influenciou a sociedade a aderir aos princípios do nacionalismo, foram os livros e revistas, que propagaram estes ideais na mente da população. Pois antes só a elite tinha acesso aos livros, mas depois com o aumento da popularização dos livros e revistas, a mente do povo passas a sofrer as influências culturais.

Muitas das idéias eram publicadas em livros e revistas, onde grupos de ativistas republicanos mostravam os princípios do nacionalismo. O objetivo era resgatar o passado nacional, coloca-lo em evidência ao maior número de pessoas, para que estas passem a ter mais consciência de sua história.

Após 1848, muitas regiões da Península Itálica passaram por períodos de revoltas. Todas elas tiveram relativo êxito, mas logo eram restabelecidos as dependências em relação a Áustria. Na Sicília, houve uma nova constituição, a luta contra o absolutismo que se propagou pela península.  Veneza e Gênova,  cidades que tinham interesse comercial na unificação italiana foram as que deram o exemplo em revoltas contra o domínio austríaco, isto serviu de  influência em várias regiões inclusive em Piemonte e na Sardenha, pois ligo elas passaram aderir ao movimento de insurreição.

Mazzini aproveitou-se deste momento e proclamou a Republica da Toscana, este evento atingiu  a cidade de Roma, mas lá ele  encontrou a resistência do Papa Pio IX.

A medida que os fatos ocorriam o movimento de insurreição tomava formas novas e diferentes. O radicalismo popular começou a assustar a burguesia italiana, que resolveu “retirar seu apoio aos lideres populares”.

Internamente a Itália começou a conviver com dois grupos diferentes e totalmente opostos em seus objetivos, isto acabou por enfraquecer o movimento. Assim, no ano de 1849,com esses problemas internos foi fácil para a Áustria conseguir retomar suas antigas regiões.

Além de Cavour, outro grande líder da unificação italiana foi Giuseppe Garibaldi. O movimento iniciou-se ao Sul da Itália, com o grupo de Guerrilheiros chamados Camisas Vermelhas.

Somente após a guerra Austro-Prussiana (1866), em que a Áustria é derrotada, que é que Veneza passou a ser incorporada ao território da Itália. No conflito seguinte, entre a França e a Prússia, a cidade de Roma passou para os domínios dos Savóia.

O Papa IX negou-se a reconhecer a autoridade do monarca e não aceitou as propostas de entendimento nem as garantias de independência do poder clerical.

Esse desentendimento ficou conhecido como Questão Romana, que só conseguiu ser resolvida em 1929, através do Tratado de Latrão.

Os problemas da Itália não foram totalmente resolvidos após a unificação. No  norte e no Sul ainda eram  enorme as diferenças em suas relações sociais, econômicas e até mesmo culturais. Uma região passou a ser mais desenvolvida do que a outra.

ATIVIDADES

Marque a alternativa correta:

1) em que países, durante o século XIX, o movimento nacionalista teve sua maior atuação?

a) Cuba  e México
b) Alemanha e China
c) Itália e Cuba
d) Itália e Alemanha

2) qual era a situação política da Alemanha durante o século XIX?

a) ela encontrava-se fragmentada em diversos estados ou reinos que faziam parte da Confederação Germânica.
b) Ela estava totalmente unida em um único reino, que formava a União Germânica.
c) Ela estava com todos os estados unidos, mas a Prússia era o estado de maior destaque.
d) Ela estava dividida entre norte e sul, sendo o norte mais desenvolvido.

3) que recurso Bismarck teve de utilizar para que a Prússia conquistasse o poder:

a) utilizou da diplomacia para conseguir levar a união e supremacia alemã.
b) Implantou uma imagem negativa da Áustria na Confederação, esta atitude irritou os ducados austríacos e culminou na guerra Austro- Prussiana.
c) Usou da tecnologia para fazer a Áustria desistir da Confederação alemã.
d) Utilizou de recursos aristocráticos para levar a Prússia ao poder da Confederação.

4) qual era a situação econômica italiana no XIX?

a) estava em seu apogeu, pois desfrutava o desenvolvimento de suas industrias, isto fazia com que as exportações aumentassem.
b) A economia estava em alta, pois o mercado externo estava em alta.
c) A base da economia era agricultura e pequenas manufaturas,o mercado externo era de difícil acesso, por causa da altas taxas alfandegárias impostas pelos países europeus.
d) O comercio sofreu uma queda com a entrada dos Lombardo, com a comercialização das sedas indiana, japonesa e chinesa.

5) como as idéias nacionalistas se propagaram pela Itália?

a) pelo uso de livros e revistas , onde os ativistas republicanos expunham os ideais do nacionalismo, com o objetivo de resgatar o passado nacional, deixando a população mais consciente.
b) Através da forma armada, por meios de guerras e conquistas territoriais.
c) Pela união da Itália com paises de pensamento voltado para os novos ideais.
d) Pelo interesse dos aristocratas de utilizar o povo nas mudanças no governo.

fonte: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia029.asp


1) d
2) a
3) b
4) c
5) a

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Império Napoleônico e o Congresso de Viena-texto

O Império Napoleônico e o Congresso de Viena


 
A consolidação das conquistas burguesas
 
Em 1799, a golpe de 18 Brumário levou ao poder Napoleão Bonaparte (1769-1821), a general mais brilhante da França. Sua ascensão pós fim aos distúrbios provocados pela "esquerda" igualitária e pela reação monarquista, assegurando a burguesia a desejada estabilidade política.
Uma Constituição, decretada em dezembro de 1799, previa que a poder Executivo da Republica Francesa deveria ser exercido por três cônsules: Napoleão Bonaparte, Cambaceres e Lebrun. O primeiro cônsul, Napoleão, tinha o poder de propor leis, nomear a administração, controlar o exército e conduzir as relações exteriores. Cambaceres auxiliava Napoleão nas questões jurídicas e Lebrun nas finanças publicas.No entanto, nenhum dos dois cônsules tinha poder de veto sabre as decisões de Napoleão.
Em 1802, um plebiscito popular permitiu que Napoleão exercesse o cargo de cônsul vitaliciamente. Pouco tempo depois, em 1804, outro plebiscito deu-lhe permissão para transformar-se em imperador. Na Catedral de Notre-Dame, Napoleão I recebeu a coroa imperial das mãos do papa Pio VII e colocou-a sabre a própria cabeça, em um gesto de não submissão do poder político ao poder religioso.
A presença do papa na coroação indicava que um relacionamento amigável voltava a existir entre a França e a Igreja Católica graças a concordata assinada em 1801 com a Santa Sé. Foi um triunfo importante do então primeiro cônsul Napoleão Bonaparte, pois eliminou uma área de atrito existente desde 1790, quando a Assembleia Constituinte francesa promulgou a Constituição Civil do Clero. Nos termos da concordata, os bispos passaram a receber pensões do governo e a ser nome a dos pelo poder público, ficando
sob o domínio político do Estado.
As reformas implementadas por Napoleão no consulado e na fase inicial do império consolidaram de maneira irreversível a ordem burguesa. O Código Civil, de 1804, representou um dos alicerces mais sólidos dessa ordem. A autoridade do pai sobre a mulher e os filhos e do patrão sobre os empregados, questões relacionadas ao casamento e a herança,todos esses aspectos foram regulamentados segundo os interesses da burguesia. O Código inspirou diversos Estados europeus e da América Latina, que adotaram seus princípios e chegaram a reproduzir algumas de suas disposições.
Como estadista, Napoleão ratificou a redistribuição de terras levada a efeito pela revolução. Reformou o sistema tributário e fundou a Banco da França com o objetivo de exercer maior controle na circulação de capitais. Obras públicas como drenagem de pântanos,
Construção de pontes e redes de estradas e canais foram realizadas sobretudo com objetivos militares, mas também para conquistar a apoio da burguesia.
Na educação, Napoleão instalou escolas públicas por toda a França. Além disso, organizou a educação secundária em bases rígidas, quase militares; fundou escolas para a formação de professores; transformou a Escola Politécnica em um estabelecimento militar; subordinou as escolas técnicas ao Estado e estimulou o ensino superior.
O essencial da política externa do imperador foi traçado com o instrumento que permitira ao general Bonaparte abrir caminho para o poder: a guerra. No periodo compreendido entre 1805 e 1809, a França envolveu-se em uma série de conflitos contra Rússia, Prússia e Áustria. Em questão estavam a defesa da soberania e dos interesses franceses na Europa e a ambição pessoal de Napoleão. Vitorioso, o imperador impôs a criação de novos Estados e destituiu os monarcas de vários países europeus, substituindo-os por seus parentes e generais. Ao mesmo tempo, Napoleão passou a buscar acordos "respeitáveis" com as monarquias tradicionais. Desejava, em especial, uma aliança dinástica que referendasse a hegemonia francesa na Europa e lhe desse um herdeiro para seu império, mas não logrou êxito. Napoleão chegou a desposar uma filha do imperador da Áustria, Maria Luisa, mas jamais deixou de ser visto com reservas ou franca hostilidade pelos soberanos absolutistas. O manto imperial não impediu que eles o considerassem um usurpador - um soldado levado ao poder pela revolução que executara Luís XVI e Maria Antonieta. Como resultado, até a queda definitiva de Napoleão, em 1815, as guerras se sucederam, com poucos períodos de trégua.

O Bloqueio Continental

Apesar da bem-sucedida campanha continental, Napoleão foi derrotado pela marinha britânica na Batalha de Trafalgar, em 1805. A hostilidade entre França e Grã-Bretanha levou o imperador francês a impor o Bloqueio Continental, um embargo econômico às Ilhas Britânicas. Segundo as determinações do bloqueio, ficava proibida a comercialização de mercadorias britânicas nos países do continente europeu. Napoleão acreditava que a eliminação de seu maior concorrente daria a França o predomínio nos mercados europeus.
O bloqueio, no entanto, não surtiu o efeito esperado, e a medida converteu-se em uma faca de dois legumes, submetendo a hegemonia francesa no continente a forte desgaste. Países neutros foram hostilizados por ignorar o bloqueio. Outros sofreram ocupação e tiveram seus soberanos afastados, como sucedeu à Espanha. As tropas francesas tomaram-se a base de sustentação dos governantes impostos por Napoleão e, por isso, foram odiadas pelas populações locais. Sem a mobilidade que lhes garantira tantas vitórias, as tropas imperiais passaram a ser permanentemente castigadas por grupos guerrilheiros. Na Espanha, em Portugal e em outras regiões da Europa, a luta contra os franceses assumiu características de guerra nacional.
Nesses conflitos, destacou-se a resistência da Rússia. Assim como outras nações, esse país também desrespeitou o Bloqueio Continental, levando Napoleão a reunir um exército de aproximadamente 600 mil homens, em 1812, para invadi-lo.
A campanha da Rússia foi um desastre. Napoleão obteve algumas vitorias e chegou ate Moscou. Ele encontrou a cidade em chamas e aguardou a rendição do czar, mas esta simplesmente não ocorreu. A espera resultou em um cruel pesadelo para as tropas francesas, uma vez que, durante sua retirada da região, tiveram de enfrentar o terrível inverno russo. O frio, as doenças, a fome e as guerrilhas causaram milhares de perdas. Dos cerca de 600 mil soldados que deixaram a França, menos de 60 mil retornaram, doentes e famintos.

A queda de Napoleão

A derrota na Rússia abalou a credibilidade de Napoleão unto a opinião pública francesa. O mito do jovem general que conduziu seus soldados debilitados a vitória contra inimigos bem mais numerosos, a serviço das monarquias absolutistas, só mais tarde seria reconstruído no imaginário dos franceses.
Não se pode negar que Napoleão Bonaparte consolidou as conquistas burguesas da Revolução de 1789. Mas ele também destruiu o maior dos legados revolucionários: o sonho de igualdade, liberdade e fraternidade. O depoimento de um contemporâneo à revolução ilustra bem a decepção de muitos liberais com Napoleão:
"Bonaparte praticou uma traição, pervertendo os poderes que lhe haviam sido confiados, para chegar a subversão da República e a instituição de um despotismo militar em seu benefício e no de sua família. Se ele houvesse exercido seus poderes honestamente para estabelecer e fortalecer um governo livre em seu país, a França gozaria da liberdade e do repouso. (JEFFERSON, Thomas).
Explicações para o ocaso napoleônico

Nos últimos anos do governo imperial, as decisões de Napoleão seguiam caminhos contrários aos ideais da revolução. Em 1808 foi instituída a nobreza imperial, em vez da aristocracia aberta ao talento e ao mérito que rodeou Napoleão nos tempos do consulado e no início do império. O estadista que reorganizou a administração se viu obrigado a desperdiçar recursos e homens para sustentar os tronos vacilantes nos quais colocara seus parentes.
As colheitas medíocres, nos últimos anos de seu governo, resultaram em uma crise alimentar. O exército permaneceu fiel; porém, as campanhas desastrosas na Península Ibérica e na Rússia enfraqueceram moralmente os soldados. A opinião publica passou a
se perguntar se a glória imperial valia o sacrifício da vida de tantos jovens franceses.
Aproveitando-se da crise, Grã-Bretanha, Áustria, Prússia, Rússia e Suécia organizaram uma coligação que venceu a França em 1813, na Batalha de Leipzig. Em de 1814, Napoleão assinou o Tratado de Fontainebleau, pelo qual abdicava do trono da França, recebendo em troca uma pensão anual e a soberania sobre a Ilha de Elba. O governo Frances foi entregue a Luis XVIII, irmão de Luis XVI, que confirmou as conquistas revolucionarias. Concomitantemente, Napoleão tramava um plano para retornar ao poder. A oportunidade surgiu em 1815, graças a insatisfação do povo francês em relação ao novo governo. Napoleão fugiu de Elba e desembarcou no continente apoiado por militares e pela população. Seu novo governo durou cem dias, uma vez que os antigos inimigos trataram de formar uma coligação para liquidar o imperador.
A ruína de Napoleão ocorreu com a Batalha de Waterloo, na Bélgica (1815), quando um exército de ingleses e prussianos venceu as tropas imperiais. Napoleão voltou a Paris e abdicou definitivamente do cargo de imperador. Em seguida foi exilado na Ilha de Santa Helena, possessão britânica no Atlântico, onde morreu em 5 de maio de 1821.

O Congresso de Viena

Após a assinatura do Tratado de Fontainebleau, em 1814, representantes das principais potências europeias - Áustria, França, Prússia e Rússia - com o apoio da Grã-Bretanha, reuniram-se em Viena, Áustria. O Congresso de Viena, como ficou conhecido o encontro, foi interrompido durante o Governo dos Cern Dias e retomado após a segunda abdicação do imperador frances, em 1815. O objetivo era restaurar as dinastias derrotadas pelas tropas napoleônicas e restaurar o mapa da Europa. Mas a Europa revolucionária logo manifestou sua voz.

A reação dos conservadores

Com a exceção do rei e da rainha da França durante o processo revolucionário, ocorreu a ruptura entre o novo governo francês e os soberanos europeus, que viam na Revolução Francesa uma ameaça de contagio e um perigo para a integridade de seus Estados. Decididas a sufocar a revolução, as monarquias se uniram contra o novo regime. Primeiro veio a declaração de guerra da Áustria, seguida pela Prússia, Rússia, Holanda, Espanha, Sardenha e Grã-Bretanha. As alianças contrarrevolucionárias alcançaram a vitória em 1814, com a queda de Napoleão e o inicio das reuniões do Congresso de Viena.
Os diplomatas reunidos na capital austríaca tinham como objetivo estabelecer uma paz duradoura na Europa que impedisse as guerras e revoluções e restaurasse a estabilidade abalada pela Revolução Francesa e pelas guerras napoleônicas. Para isso, tornava-se necessário restaurar as fronteiras europeias de 1789. Na verdade, a diplomacia legitimista estava basicamente preocupada com os direitos dos reis; o ideal, para ela, seria eliminar a influência das ideias liberais que acompanharam a Revolução Francesa.
No entanto, conscientes de que seria impossível ressuscitar toda a política do Antigo Regime, ate os políticos mais conservadores reconheceram a urgência de elaborar constituições que garantissem um mínimo de direitos políticos e sociais para a coletividade.
O processo de reconstrução política da Europa teve inicio com a entrega do trono frances a Luis XVIII, irmão de Luis XVI, assassinado durante a Revolução Francesa. A França perdeu grande parte dos territórios conquistados por Napoleão Bonaparte e foi obrigada a pagar uma grande indenização ao longo de cinco anos, ficando sob ocupação até quitar a dívida.
Em 1814, Luis XVIII outorgou uma Constituição que reconhecia as liberdades de opinião, imprensa e culto, mas concentrava o poder na Coroa[1]. O sufrágio continuou limitado com a preservação do voto censitário. A Constituição francesa, serviu de modelo para outras nações que buscavam amenizar os conflitos sociais que cresciam.
Apesar de ser um documento construído pela Monarquia restaurada, a Constituição de 1814 apresentou muitos dos triunfos permanentes da Revolução Francesa. Isso podia ser percebido pela comparação com a Constituição de 1791. No entanto, a Constituição de 1814 não representou o fim das desigualdades e das injustiças.

O novo equilíbrio europeu

Embora em Viena estivessem representados todos os Estados europeus, as principais decisões ficaram a cargo dos dirigentes das grandes potências: Clemente Metternich, primeiro-ministro da Áustria; Alexandre I, czar da Rússia; Robert Stewart, Visconde de Castlereagh, primeiro-ministro inglês; e Frederico Guilherme III, rei da Prússia. Esses lideres defendiam dois princípios básicos:
o da legitimidade e o do equilíbrio do poder. O princípio da legitimidade determinava que as dinastias reinantes no periodo pré-revolucionário deveriam ter de volta seus tronos e os territórios que possuíam em 1789. O princípio do equilíbrio de poder propunha que as potências vencedoras - Áustria, Prússia, Rússia e Grã-Bretanha – teriam o direito de obter novas possessões fora da Europa e manter aquelas que já controlassem, como recompensa pela participação na luta contra o imperador francês.
Esse último princípio facilitou a anexação de territórios pelas grandes potências europeias. Os governantes legítimos que haviam sido depostos tiveram seus tronos restabelecidos, como ocorreu na França, na Espanha, em Portugal, nos Estados Pontificiais e em Estados germânicos. O Congresso de Viena trouxe muitos benefícios às potências que lideraram o encontro.
Contudo, a Grã-Bretanha foi a grande vitoriosa. O estabelecimento da livre navegação dos mares e rios e o projeto que colocaria fim a escravidão contribuíram para o desenvolvimento das relações comerciais e a consolidação do poderio marítimo britânico.

A Santa Aliança

Em 1815, Rússia, Prússia e Áustria uniram-se na Santa Aliança, um pacto politico-militar de caráter conservador. Criada para garantir a realização das medidas aprovadas no Congresso de Viena, a Santa Aliança dedicou-se a combater as revoltas liberais na Europa e a preservar o sistema colonial, pois era favorável ao restabelecimento da autoridade portuguesa e espanhola nas colônias americanas.
Mas, a tentativa de reformar o domínio colonial das duas metrópoles acabou estimulando os movimentos de emancipação. Essa questão contribuiu ainda para que a Grã-Bretanha, interessada no comércio com as jovens nações americanas, não aderisse a Santa Aliança, embora a apoiasse em muitos momento